Por William Souza
O dia 28 de março de 2025 vai ficar marcado negativamente na vida de todos os ítalo-descendentes espalhados pelo mundo. Neste dia, o Ministro das Relações Exteriores publicou o decreto 36/25, que ficou conhecido como decreto Tajani. Sem aviso e sem o devido respeito aos milhões de descendentes de italianos, o famigerado decreto veio como uma guilhotina, prejudicando milhares de italianos nascidos no exterior.
A partir disso, os descendentes de italianos, sabendo que a votação iria para o Senado para a apreciação dos nobres Senadores, começaram diversas manifestações de repúdio ao decreto Tajani, os ítalo descendentes se uniram, personalidades importantes do mundo da cidadania articularam, as manifestações se espalharam por diversas cidades, em São Paulo na Praça Cidade de Milão, na praça Itália, no bairro Praia de Belas, em Porto Alegre, no Rio de Janeiro, na Avenida Antônio Carlos, reuniram-se lideranças ítalo-descendentes sob o movimento “Orgulho de ser de descendência italiana, de todas as gerações”, cerca de 150 pessoas em uma manifestação pacífica, protestaram na Piazza dei Santi Apostoli, perto da Fontana di Trevi, em Roma, a Casa D’Italia do Espírito Santo repudiou o Decreto Tajani: “Um atentado aos direitos civis e à Constituição Italiana”.
Câmaras Municipais espalhadas em diversas cidades como Araraquara, Piracicaba, Santa Tereza, Siderópoils, São Paulo, Santo André, bem como Assembleias Legislativas de várias cidades manifestaram nota de repúdio ao Decreto Tajani, o tema gerou uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Paraná, no dia 10 de abril, onde os Ítalo-descendentes puderam manifestar todo seu descontentamento ao “DECRETO DELLA VERGOGNA”, é assim que vem sendo chamado o cruel Decreto 36/25, que limita consideravelmente a transmissão geracional, que até então não havia.
Após todas essas manifestações, assim como outras inúmeras que não foram listadas aqui, duas vitórias: a primeira, os senadores retiram exigência de B1 para italianos no exterior. Horas após aprovação, pelo Senado, os senadores retiram a emenda que previa perda da cidadania italiana por falta de certificado de idioma, A segunda vitória, os menores filhos de italianos por nascimento, poderão obter cidadania italiana se a declaração for feita até 1 ano de vida ou até 31 de maio de 2026.
Sabemos, continua longe de ser o ideal, nós da Mantovani Cidadania, nos solidarizamos com nossos irmãos descendentes de italianos, entendemos que o direito de sangue, Iure Sanguines, não pode ser tratado desta maneira, não pode ser tirado em uma canetada apenas, afinal de contas, é a nossa história, nossa ancestralidade está em jogo, ressaltamos que a luta continua, não paramos e não iremos parar.
Somos fortes, corajosos e destemidos, assim como nossos avós, bisavós, trisavós, nossa linha ascendente, em um determinado dia, entrou em um navio, sem ao menos saber onde iria parar, cruzou o oceano e aportou em terras brasileiras, foram aproximadamente 30, 35 dias de viagens, as incertezas e dúvidas eram muitas, mas a busca de melhores oportunidades, naquele momento falava mais forte. Eles não deixaram a Itália porque queriam, mas sim porque foram obrigados, o reconhecimento a cidadania italiana, não é um favor que a Itália nos faz, mas sim uma obrigação de reparar um erro que fez muitos deixarem sua terra querida para viver o desconhecido, “andiamo avanti fratelli”!
